Viagens urgentes representam 70% dos voos do governo federal desde 2021, diz jornal

Dados do Portal da Transparência analisados pela Folha de S. Paulo revelam que cerca de 70% das viagens de servidores públicos federais desde 2021 foram classificadas como urgentes, ou seja, solicitadas com menos de 15 dias de antecedência.

O total de gastos com essas passagens e diárias já ultrapassa R$ 5,2 bilhões, valor significativamente superior aos R$ 1,5 bilhão despendidos em viagens programadas com maior antecedência.

A análise abrange mais de 2,4 milhões de trechos de viagens realizadas entre 2020 e 2024. O maior aumento no número de viagens urgentes foi registrado entre 2021 e 2022, com alta de 58%. Em 2023, já sob o atual governo, a alta foi de 30%. Em 2024, esse ciclo foi interrompido, e houve redução de 12% na comparação com o ano anterior.

Especialistas afirmam que o alto índice de viagens urgentes pode indicar falhas de planejamento na administração pública, com impactos negativos na gestão de recursos. Eles reforçaram a importância da figura do gestor de viagens (comum no setor privado) para organizar os deslocamentos com antecedência, buscar melhores condições de compra e evitar gastos desnecessários. Também apontam que algumas viagens poderiam ser substituídas por reuniões virtuais ou equipes reduzidas.

Entre os órgãos com maior proporção de viagens urgentes estão o gabinete da Vice-Presidência da República, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e sete Institutos Federais, sendo o IF Baiano o que mais utilizou esse tipo de solicitação.

A Controladoria-Geral da União (CGU) reforçou que os órgãos são responsáveis por cadastrar e aprovar suas próprias viagens, e que o sistema atual permite acompanhar detalhes como destino, valores e cargos dos servidores envolvidos.

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