Lupi, sobre juros do consignado: “tenho a consciência absolutamente tranquila”

Em entrevista à revista Veja, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, explicou seu ponto de vista sobre o impasse relacionado à taxa de juros do crédito consignado para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social: sem o aval do Ministério da Fazenda, Lupi levou à votação do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) uma redução da alíquota de 2,14% para 1,7% ao mês, aprovada pelo órgão. Em resposta, instituições financeiras privadas e públicas suspenderam a oferta da modalidade.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) arbitrou por uma nova taxa, de 1,97%, aprovada pelo CNPS e já em vigor. Lupi afirmou não ter tido medo de perder o cargo por causa do episódio: “Quem tem medo de bravo não sai nem de casa. Quem tem medo não faz nada na vida. O máximo que pode acontecer é eu ser ex, e eu já fui. O conselho decidiu por doze a três, e a decisão foi publicada no dia seguinte. Qual jogo os bancos fizeram? ‘Não vou mais emprestar.’ Para comprar um carro, os juros são de 1,03%. Não acredito. Só os juros dos consignados podem ser altos? Eu tenho dificuldade de entender. Mas de repente o problema sou eu”, afirmou.

Lupi argumentou que tentou dialogar com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sobre as taxas, sem sucesso. Admitiu que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não gostou da iniciativa, mas alegou que ela “abriu a discussão” sobre as alíquotas. Demonstrou surpresa com a ação dos bancos ao suspender o consignado: “Confesso que me surpreendi. Não imaginei que o sistema bancário faria tanta articulação. Isso eu quero confessar aqui, a ponto do meu Banco do Brasil e da minha Caixa aderirem dois dias depois”.

O ministro também afirmou que não há tempo hábil para apresentação de uma eventual nova reforma da Previdência ainda este ano, citando dificuldades ideológicas tanto dentro do governo quanto no Congresso Nacional. Sobre o rombo da Previdência, Lupi afirmou que “falar de rombo é criar um dogma, um estigma. Não estamos dando esmola. Estamos dando a aposentados e pensionistas”.

*Com informações da revista Veja

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