Idosos de volta à ativa

Cerca de 7,5 milhões de aposentados retornaram ao trabalho

 

Byanca Guariz

A aposentadoria nem sempre significa a sonhada tranquilidade após a vida profissional. Prova disso é o alto número de aposentados que retornaram para o mercado de trabalho. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que apesar de os idosos serem o menor grupo de participação no mercado, esse percentual só vem aumentando. Em 2012 eram 5,9%, este ano deu um salto passando para 7,2%, ou seja, são 7,5 milhões de aposentados retornando para as empresas.

A volta à ativa nem sempre acontece por vontade do aposentado, mas sim, pela necessidade de complementação de renda. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) comprova esses dados. Segundo a autarquia, 70% dos aposentados do país recebem um salário mínimo, pois têm o benefício por idade e não por tempo de contribuição, que paga valores maiores.

Muitos acabam optando pelo trabalho informal. Realidade essa que vive Josefa Batista (68 anos), que precisa continuar trabalhando para garantir um dinheiro extra no final do mês. Ela mora com as duas filhas e com uma neta, e relata que os serviços como costura e confecção de salgados têm ajudado na sua renda. “Eu trabalho para complementar a renda. Só o valor da aposentadoria não dá”, disse.

Esse não é apenas um caso isolado, pelo contrário, acontece corriqueiramente, e por diversos motivos. Minervino Magalhães (76 anos) voltou a trabalhar para completar o valor da aposentadoria que recebe do INSS, que é apenas um salário mínimo mensal. Para Minervino, uma das coisas mais difíceis é ficar parado. Ele é apaixonado por carpintaria, e também trabalha com a construção de casas. “Seria bom a gente aposentar e não precisar mais trabalhar. Esse não é o meu caso. Eu levanto cedo, trabalho, faço minhas coisas e ainda ganho um dinheirinho a mais”, afirmou.

A decisão de seguir trabalhando a essa altura da vida está relacionada a vários fatores, segundo o educador financeiro da DSOP, Jônatas Bueno. O primeiro é que o valor que eles recebem é insuficiente para manter os seus gastos, a queda no poder de compra, o desemprego, e até o prazer em não ficar parado.

Para garantir uma velhice saudável é necessário um bom planejamento e educação financeira, é o que afirma Bueno. “Logo que se inicia no mercado de trabalho devem existir esforços para acumular patrimônio ao longo dos anos. Assim, evita-se depender da aposentadoria oficial do governo ou da ajuda de terceiros e, quando o período da aposentadoria chegar, os rendimentos reais do patrimônio acumulado deverão ser utilizados para garantir uma aposentadoria tranquila”, completou.

 

Direitos garantidos

Vale ressaltar que o trabalhador aposentado que retorna ao trabalho, não consegue aumentar a sua renda pela chamada desaposentação – mecanismo conhecido como recálculo de benefícios. No entanto, alguns outros direitos são garantidos. Confira abaixo:

Saque integral do FGTS e PIS/Pasep – O trabalhador que se aposenta pode realizar o saque integral do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e, se continuar trabalhando na mesma empresa, pode ainda mês a mês receber novos depósitos. O aposentado também tem o direito de receber o saldo do PIS/Pasep.

Isenção do IPTU – isenção do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). O contribuinte deve ter, no mínimo, 60 anos e renda mensal total de até três salários mínimos.

Manutenção do Plano de Saúde – O aposentado tem direito ao plano de saúde com a mesma cobertura que tinha quando o contrato de trabalho estava vigente. Mas é preciso que tenha contribuído para o custeio do plano.

Prioridade na restituição do IR – a legislação garante ainda aos maiores de 65 anos um bônus de isenção no limite R$ 1.903,98 por mês.

 

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