Geap arrecada muito e não informa os gastos

Dados da ANS indicam que a Geap arrecada muito para o grupo de participantes que tem, mas não há a menor transparência sobre seus gastos
J.B. Serra e Gurgel

A Geap Autogestão em Saúde continua perdendo participantes e os últimos dados, obtidos no site da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), indicam que ela conta com 504.269 participantes (já teve 850 mil) com variação negativa de -3,14% em relação aos índices anteriores, e uma receita de contraprestações de R$ 1,716 bi, 22% de variação positiva, graças ao aumento de 37,55% imposto aos participantes que não reagiram aos abusos definidos pela prestadora de serviços de saúde. De longe, a Geap é líder, no seu grupo, no número absoluto de reclamações com índice 128,0, com variação positiva de 20%.

A Geap Autogestão em Saúde está no grupo das prestadoras de saúde como a Unimed Curitiba, que tem 533 mil participantes, uma receita de R$ 812, mi (metade da receita da Geap), com 54 reclamações (número absoluto). A Unimed Seguros Saúde tem 488 mil participantes e uma receita de R$ 959,8 mi. A São Francisco Sistemas de Saúde Social e Empresarial, com 464 mil participantes e uma receita de R$333,9 mi, a Green Line Sistemas de Saúde com 447 mil participantes e uma receita de R$ 374 mi, a Postal Saúde Caixa de Assistência à Saúde dos Empregados dos Correios, com 418 mil participantes e uma receita de R$ 930, 6 mi.

Para o vice-presidente Executivo da Anasps, Paulo César Régis de Souza, os valores agregados indicam que a Geap, neste grupo, tem uma receita elevada em relação ao seu público de atendimento de 504 mil participantes, o que caracteriza que seu custo é elevadíssimo, em termos comparados, com baixíssima qualidade na prestação de serviços. Não é sem razão que a Geap há anos está com intervenção branca da ANS, com diretoria fiscal permanente, temendo-se que ainda existam irregularidades na contratação e remuneração dos serviços médicos e exames complementares.

“A Geap segue sendo uma caixa preta. Nem nós que temos representante no Conselho de Administração, o Conad, sabemos o que está acontecendo. O grupo que assumiu a Geap não divulga os números dos recebimentos dos participantes e do governo, pagamentos feitos, quantos servidores foram contratados, quantos foram demitidos, quais os serviços contratados nos estados, quais os prestadores que saíram da Geap… Sabe-se apenas que a Geap paga elevadas multas para a ANS e que tem um expressivo custo em honorários advocatícios – ao que se informa, superiores a R$ 1 mi mensal”.

 

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