Feliz ano novo?

Por Paulo César Regis de Souza (*)

Assim terminará mais um ano e iniciará um novo ano.

Mas será que poderemos chamar de ano novo, quando sabemos que provavelmente nada vai mudar, que a política de governo será a mesma, sem projetos de futuro principalmente na área de educação quando os países mais evoluídos investem mais recursos, e buscam nos países em desenvolvimento ou mais pobres os jovens que se destacam nas diversas áreas do conhecimento científico, tecnológico, os futuros cientistas? Praticam desavergonhadamente um novo tipo de colonialismo!

Pregam a países como o Brasil, que o melhor é ser somente o celeiro do mundo, que o agronegócio vai transformá-lo em primeiro mundo por participarem do G20, porque a China e os Estados Unidos compram toda soja, milho, frango, porco, gado, minério, madeira, etc. Seremos eternamente o quintal do americano, do europeu e agora do chinês?

Enquanto não investirmos na educação somente o agronegócio será superavitário.

Só que o agronegócio tem em sua maioria mão de obra barata e crédito daqui à custa da pobreza e da miséria e de fora.

O agro não paga Previdência desde 1971, quando criaram o Funrural. E quando paga é o mínimo. A Previdência rural é deficitária e as exportações do agro são subsidiadas. A Previdência era ressarcida. Agora não é mais.

O agro é importante, sim e muito, mas não podemos investir somente nele.

Nossas escolas públicas sem carteiras e cadeiras, algumas sem quadros e giz, sem falar na parte moderna de informática sem computadores e internet. Aduzido a isso, soma-se o descaso com o magistério, com salários baixos, desestimulando os jovens a ingressar nessa nobre missão de ensinar.

Nossas universidades estão sucateadas.

Nossa saúde registra índices negativos de vacinação, nossos hospitais públicos caindo aos pedaços. As terceirizações através de organizações sociais são muitas vezes fraudulentas.

Nossas policias andando de fusca e revolver 38, enquanto o bandido de BMW, com fuzil AR5. Sem falar no espantoso crescimento das milícias e do tráfico.

Mesmo no agro o sofrimento é para escoar a produção, estradas intransitáveis, portos caríssimos e distantes, combustíveis nas alturas, portanto transporte muito caro e somos um país totalmente dependente do transporte terrestre. O sul compra banana do norte e o norte compra banana do sul, tudo via terrestre por falta de uma malha ferroviária, marítima e fluvial.

Para salvar os aposentados e os mais pobres temos o Sistema Único de Saúde (SUS), nosso excelente programa de saúde gratuito, e a Previdência social que paga em dia há 100 anos sendo a maior distribuidora de renda do país e o maior programa social das Américas (do Rio Grande para baixo), para 33 milhões de aposentados e pensionistas que sustentam em sua grande maioria seus familiares, filhos e netos além de manterem muitos municípios, com 73% de suas receitas.

Mas, infelizmente, o INSS também está totalmente abandonado, com suas agências e postos fechados por absoluta falta de servidores.

Servidores trabalhando mesmo na pandemia para manter o pagamento e a concessão de aposentadoria daqueles que contribuíram e pagaram a Previdência e pensaram em ter uma velhice mais tranquila. A Previdência não é dádiva do governo. O cidadão contribui até mais de 35 anos! Tem direito a receber.

Servidores abnegados que durante a pandemia trabalharam em um misto de presencial e home, híbrido, e mesmo com seus salários aviltados com mais de seis anos sem aumento salarial, usaram sua internet, seu computador, sua luz, sua água, tudo de sua casa para manter a Previdência em dia. Apesar da necessidade de concurso público, porque a concessão de benefícios só deve ser feita por funcionários concursados, nos faltam pelo menos 15 mil funcionários. Pedimos concurso e ganhamos somente 1000 vagas.

Pensam em utilizar a máquina em substituição ao trabalho humano, exigindo repentinamente a operacionalização por parte do segurado dos meios digitais, não criando uma compensação de contribuição previdenciária para a substituição desses empregados que seriam contribuintes. Logo o caixa não fecha.

Na pandemia apelou-se para a solução do impasse através de inovações, uma delas a concessão do auxílio-doença, sem perícia efetiva e, até o momento ainda não temos informações do resultado desse procedimento, mas calculamos que o mesmo poderá trazer problemas.

Então vamos torcer e ter esperança de que realmente o ano será novo

Que a esperança vença a incerteza, a suspicácia, o desânimo, tenhamos fé!

A Previdência é um gigante, é do tamanho do Brasil, pois em cada canto desse maravilhoso país tem um segurado esperançoso e um aposentado /pensionista confiante.

Que o ano que se renova em breve nos traga melhores dias. Somos brasileiros e não desistiremos nunca, jamais, em tempo algum.

(*) Paulo César Regis de Souza é vice-presidente executivo da Associação Nacional Dos Servidores Públicos da Previdência e da Seguridade Social (Anasps).

 

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