Como privatizar a previdência!

Paulo César Régis de Souza (*)

 

Com grande alarde, divulgam que a previdência é deficitária, que o número atual de empregados corresponde ao de aposentados, não suportando, portanto, o regime solidário, que prevê o número de 3 empregados para 1 aposentado, bem como que o rombo nas contas públicas é culpa exclusiva da previdência, etc., etc.

Culpar a quem por 30, 40 anos ou mais contribuiu em dia para se aposentar é fácil e, ao mesmo tempo, desumano.

Onde está a gestão da previdência? Onde estão os projetos para buscar os valores advindos da dívida dos inadimplentes? E quem subsidia os valores das “filantrópicas” que não pagam, e dos demais caloteiros ou mesmo devedores.

O projeto para buscar os trabalhadores informais encontra-se esquecido e o número desses trabalhadores aumenta de forma avassaladora, inclusive com atividades laborativas, remuneradas em dólar/euro, tendo em vista a prática internacional.

A contribuição dos que seriam Pessoas Jurídicas – PJ, não é cobrada e a Dataprev não divulga os grandes devedores, porque o governo só faz projeto para retirar direitos dos trabalhadores aposentados (fator previdenciário e outros), enquanto as reformas servem somente para criar Refis dos Refis e assim ninguém paga.

Hoje, mais de 1 milhão e meio de benefícios encontram-se represados na expectativa de que haja a informatização, ou melhor, a robotização da previdência e assim não fazem concurso público, já que somente concursados podem conceder benefícios.

Com isso, tentam promover uma desmoralização e descredito do maior órgão da área social do governo, que paga há mais de 100 anos em dia e é a maior distribuidora de renda do país.

Milhares de municípios dependem da previdência e dos benefícios dos aposentados, que fomentam a economia desses municípios.

Omissa a nossa comunicação social, terceirizada, que nem mesmo divulga os dados da Previdência, atividade muito simples: é só divulgar através de boletins para que todos tenham conhecimento dos números grandiosos da previdência.  Quando a comunicação era chefiada por servidores da casa, sendo proibida a terceirização, as informações eram fidedignas e céleres. Agora, há uma omissão dessas informações, será que os atuais chefes não as permitem divulgá-las?

Paulo César Régis de Souza

A melhor forma de destruir aquilo que é bom para o trabalhador é desinformando, criando a figura de um ministério Frankenstein.

O INSS sempre foi um órgão de excelência, com uma vasta legislação criada pelos servidores da casa. Se não tem funcionários concursados, quem vai fazer o anunciado “pente fino” (o robô?) Quando você destrói as instituições com fake news como estão fazendo com a previdência, esse pode ser um fácil caminho para a privatização.

Não identificamos hoje dentro da previdência, especialmente no INSS, nenhum grupo de trabalho para estudar ou criar melhorias na legislação, na busca de um orçamento decente, na melhoria das instalações. Todos estão preocupados em divulgar possíveis fraudes, conhecidas, mas humilhando ainda os trabalhadores a comparecerem e provarem serem eles os verdadeiros beneficiários. Isso é obrigação do órgão criar mecanismos de controle. Estamos na era da informática, da inteligência artificial.

Não adianta você ter o melhor computador na Dataprev se ela não criar nada para você.

Então é desacreditando o INSS que levarão tudo para os bancos, privatizando como fez o Chile, estabelecendo o regime de poupança que não deu certo e, que ao implantar esse modelo de previdência no Brasil causará a miséria de quase 40 milhões de beneficiários da previdência que merecem mais respeito. Não porque são velhos, mas porque dedicaram suas vidas ao trabalho e por isso são dignos de uma aposentadoria decente.

Previdência Social pública: não ao desmonte!

(*) Paulo César Régis de Souza é vice-presidente Executivo da Associação Nacional dos Servidores Públicos, da Previdência e da Seguridade Social – Anasps.

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